quinta-feira, 29 de outubro de 2015
Palácio Iguaçu
O Palácio Iguaçu é um bem tombado pelo Patrimônio Cultural do Paraná.
Faz parte do grande projeto de obras, que incluíam o Centro Cívico, elaborado em 1951 por iniciativa do governador Bento Munhoz da Rocha Netto, para comemorar o centenário da emancipação política da província do Paraná.
A motivação do governador foi a de consolidar Curitiba como capital e unir o Estado. Queria também projetar o Estado perante a nação, transmitir uma imagem moderna, de um Estado rumo ao futuro.
Depois das definições iniciais do projeto do Centro Cívico, que no geral seguia o Plano Agache (elaborado entre 1941 e 1945), Bento Munhoz da Rocha Netto reuniu os seus familiares e comunicou que estavam proibidos de comprar ou se envolverem de alguma forma em transações de terras na região escolhida. Fez a mesma coisa com seus auxiliares no governo. Por ordem dele o assunto foi mantido como segredo durante a elaboração do projeto.
Bento Munhoz da Rocha Netto sofreu oposição ferrenha dos grupos políticos adversários e dos jornais que circulavam na época, “O Dia”, “Gazeta do Povo” e “Diário da Tarde”. Os dois primeiros eram controlados por Moysés Lupion e o último por um outro grupo rival. A “Gazeta do Povo” no dia 31 de outubro de 1951 estampou em letras garrafais a manchete “Curitiba dispensa os palácios”.
O Palácio Iguaçu foi projetado pelo arquiteto David Xavier de Azambuja, o mesmo que projetou os edifícios da Reitoria da UFPR.
É um grande bloco horizontal com uma grande fachada de vidro com quatro andares, apoiado sobre pilotis altos do andar de acesso ao edifício. Parece uma grande lâmina de vidro emoldurada e apoiada em grandes colunas. É um belo exemplo da arquitetura modernista, não só do Paraná, mas do Brasil.
Repare em um pequeno detalhe. A grande cortina de vidro tem um pequeno bloco branco. Aquilo é uma sacada na sala do governador e deveria servir de parlatório, coisa meio fora de moda em tempos de meios de informações eletrônicos.
O prédio não ficou pronto para as comemorações do centenário. Os atrasos foram provocados pela falta de mão de obra (insuficientes na época para atender um número tão grande de obras) e de materiais (principalmente ferro e cimento). Mas ficou pronto e foi inaugurado exatamente um ano depois, a zero hora do dia 19 de dezembro de 1954. A inauguração contou com a presença do presidente da República João Café Filho, que assumiu por causa do suicídio de Getúlio Vargas, que havia estado aqui um ano antes, para as comemorações do centenário e inauguração, entre outras obras, da Praça 19 de Dezembro.
O Palácio Iguaçu ficou fechado de maio de 2007 até janeiro de 2012, quando foi feito um grande trabalho de restauro. Nesse período a sede do governo estadual foi provisoriamente transferida para o Palácio das Araucárias. A reforma custou R$ 32,4 milhões, 38% a mais do que o previsto. Causou uma certa polêmica a substituição dos vidros, que anteriormente eram incolores, por vidros verdes. Um dos argumentos usados foi que os vidros previstos no projeto original eram verdes e que na época da construção foram substituídos por incolores por questões de custos. Se não eram verdes no projeto original, deveriam ter sido. Os vidros verdes deram mais destaque a obra, aumentaram o contraste e a profundidade aparente entre as diversas superfícies.
Referências:
MUELLER, Oscar. Centro Cívico de Curitiba: um espaço identitário. 2006. Dissertação (Mestrado em Arquitetura). UFRGS. Porto Alegre.
GONÇALVES, Josilena Maria Zanello. A Arquitetura Moderna e o Sesquicentenário de Emancipação Política do Paraná: o Tombamento de Marcos de Referência da Arquitetura Moderna Paranaense. In: 5º SEMINÁRIO DOCOMOMO Brasil. São Carlos, Trabalhos. Disponível em: <http://docomomo.org.br>. Acesso em: 25 ago 2015.
BAHLS, Aparecida Vaz da Silva. A busca de valores identitários: a memória histórica paranaense. 2007. 207 p. Tese (Doutorando em História) - UFPR, Curitiba.
ANTONELLI, Diego. O caminho até o Palácio Iguaçu. Gazeta do Povo, Curitiba, 20 dez. 2014. Disponível em: <http://www.gazetadopovo.com.br/vida-e-cidadania/o-caminho-ate-o-palacio-iguacu-ehldy3zj42jqwctox29rxw2tq>. Acesso em: 29 out. 2015.
VALVERDE, Belmiro. Bento, o Palácio Iguaçu e o futuro. Gazeta do Povo, Curitiba, 29 jan. 2012. Disponível em: <http://www.gazetadopovo.com.br/opiniao/artigos/bento-o-palacio-iguacu-e-o-futuro-70tothcfwx0tdf3bmniqfffim>. Acesso em: 29 out. 2015.
OLIVEIRA FILHA, Elza Aparecida. Apontamentos sobre a história de dois jornais curitibanos: “Gazeta do Povo” e “O Estado do Paraná”. In: 3º Encontro Nacional da Rede Alfredo de Carvalho, 2005, Novo Hamburgo. Anais. Disponível em: <http://www.ufrgs.br/alcar/encontros-nacionais-1/encontros-nacionais/3o-encontro-2005-1>. Acesso em: 29 out. 2015.
MOSER, Sandro. 5 anos depois, Palácio Iguaçu volta a reabrir as portas. Gazeta do Povo, Curitiba, 24 jan. 2012. Disponível em: <http://www.gazetadopovo.com.br/vida-publica/5-anos-depois-palacio-iguacu-volta-a-reabrir-as-portas-73ytxn9y03i22aoy2o47nt5ce>. Acesso em: 29 out. 2015.