terça-feira, 12 de janeiro de 2016
“O Aviador” - um monumento em homenagem a Santos Dumont
O monumento “O Aviador”, em homenagem a Santos Dumont (1873-1932), está na Praça Santos Andrade.
Foi encomendado pelo Aeroclube do Paraná e inaugurado em 22 de dezembro de 1935.
Após a morte do homenageado realizaram um concurso público do qual participaram oito escultores. O vencedor foi o italiano Iolando Malozzi, que residia no Rio de Janeiro. A obra apoia-se sobre um pedestal feito por Domingos Grecca, que foi também o autor da fundição.
Como podemos observar, fixado na coluna tem uma imagem em bronze de Santos Dumont com ramos (símbolo típico dos heróis).
Logo abaixo, em uma placa também em bronze, tem a imagem do famoso 14 bis e de Ícaro (figura da mitologia grega, conhecido pelas suas tentativas de deixar a ilha de Creta voando), com os dizeres: “Homenagem do Povo do Paraná a Santos Dumont no cinquentenário do 1º vôo em avião. 1906-1956”. Esta última placa sem dúvida foi colocada posteriormente.
Abaixo tinha uma outra placa, parte do monumento original, que infelizmente não está mais no lugar. A julgar por fotos antigas, faz muito tempo que foi roubada. Nas fotos que localizei a resolução era baixa e não consegui ler os dizeres.
A figura sobre o pedestal - o aviador - trata-se de um homem de porte atlético com óculos e capacete, com os braços para o alto segurando nas mãos um motor do tipo radial com hélice e asas.
Não existe registros da simbologia adotada pelo autor para a obra e muitas interpretações já foram tentadas. Até uma dizendo que seria um índio, coisa que parece não fazer sentido.
Arrisco dizer que a figura do aviador (uma espécie de Ícaro moderno) está enaltecendo a tecnologia representada pelo motor, que finalmente havia proporcionado a força para as suas asas e assim voar. Por que o autor escolheu representar o aviador seminu em vez de vestido? Não tenho a menor ideia. Verdade é que muitos monumentos da época representavam o homem assim, atlético semi ou mesmo nu, heroicamente estilizado, como é o caso também da estátua do “Homem Paranaense” na Praça Dezenove de Dezembro.
Há quem veja nessas obras influências do nazifascismo ou do comunismo, que gostavam particularmente desse tipo de representação do homem. O que faz algum sentido.
De qualquer forma, sem a palavra do autor, muitas interpretações são possíveis.
Referências:
SILVA, Sérgio Roberto Rocha da. Porto Alegre, Curitiba e Florianópolis (1900-1940): Monumentos, Heróis e Imaginário. 2008. 393 p. Tese (Doutorado em História) - Faculdade de Filosofia e Ciências Humanas, Pontifícia Universidade Católica do Rio Grande do Sul, Porto Alegre.
CAMARGO, Geraldo Leão Veiga de. Esculturas públicas em Curitiba e a estética autoritária. Revista de Sociologia e Política. Curitiba, n. 25, p. 63-82, nov. 2005.