O Centro Cultural Solar do Barão, ligado à Fundação Cultural de Curitiba, é um complexo dedicado às artes gráficas: Museu da Gravura, Museu do Cartaz, Gibiteca e Museu da Fotografia. No local existe também um auditório, biblioteca e são desenvolvidos de forma permanente diversas oficinas e cursos relacionados aos assuntos aos quais ele é dedicado.
O complexo ocupa o Solar do Barão propriamente dito (o predio central), o Solar da Baronesa (a casa da direita de quem olha da rua), um outro predinho de dois andares, construído pelo exército (que ocupou o local entre 1912 e 1975).
Adquirido pela prefeitura, que fez uma permuta com o exército, o complexo foi restaurado entre 1980 e 1983.
Localizado na Rua Presidente Carlos Cavalcanti, 533; o Centro Cultural Solar do Barão é um daqueles locais da cidade que vale ser visitado e frequentado.
O Solar do Barão
Construído para servir de residência de Ildenfonso Pereira Correia (1849-1894) – Barão do Serro Azul – e sua família, foi o casarão mais imponente dos diversos construídos pelos industriais e comerciantes da erva-mate.
Enquanto o Barão residiu ali foi palco de encontros, reuniões, saraus e bailes; por onde circulavam os poderosos da época: políticos, industriais e comerciantes.
A construção do casarão iniciou em 1880 e foi feita pelos engenheiros italianos Angelo Vendramin e Batista Casagrande. Quanto a conclusão dele há controvérsias entre as datas de 1883, 1884 e 1885. Tendo a ficar com a data de 1883, pois a Princesa Isabel e o Conde d’Eu ficaram hospedados no solar quando visitaram a cidade em 1884. O Conde d’Eu chegou a fazer um discurso na sacada para colonos poloneses ali reunidos para homenagear o casal.
Com fachada em estilo eclético com referências ao neoclássico o solar é muito bonito. Construído junto a rua, tinha entrada pela lateral. Repare nas fotos os diversos detalhes, ou melhor, caso nunca tenha feito uma visita, dê um pulo lá um dia desses e veja tudo pessoalmente.
O solar é um bem tombado pelo Patrimônio Cultural do Paraná e uma Unidade de Interesse de Preservação.
A Revolução Federalista
Diversos episódios da Revolução Federalista são bem conhecidos, mesmo com algumas passagens obscuras. As atrocidades cometidas pelos dois lados, a marcha de Gumercindo, a revolta da Armada, a instalação do governo provisório revolucionário em Nossa Senhora do Desterro (atual Florianópolis), o cerco da Lapa, o abandono da cidade de Curitiba a própria sorte por Vicente Machado (presidente da província), as negociações de Ildenfonso com o coronel Gumercindo Saraiva, a retirada da cidade das tropas federalista e o posterior assassinato de Idelfonso, são episódios conhecidos e não cabe comentar aqui.
Entretanto uma coisa muitas vezes passa despercebida quando todos esses episódios são vistos de forma isolada. Afinal por que isso tudo ocorreu? Qual era o pano de fundo? O que esteve em jogo? O que esteve em jogo foi uma visão de futuro do país. O que esteve em jogo foi a opção por um governo central forte e muito mais autoritário, defendido pelos Republicanos ou um federalismo liberal, descentralizado e parlamentarista, com poder maior para os estados, opção defendida pelos Federalistas. Era isso que estava em jogo naquela época. O resultado todos conhecemos.
Mesmo com a tentativa deliberada do Estado de eliminar a figura do Barão do Serro Azul da história, os fatos acabaram prevalecendo. Em 2008 ele teve o seu nome incluído no Livro de Aço dos Heróis Nacionais, do Panteão da Pátria.
Veja mais
Solar do Barão - detalhes externosSolar do Barão - detalhes internos
Solar da Baronesa
Referências:
LYRA, Cyro Illídio Corrêa de Oliveira et al. Espirais do tempo: bens tombados do Paraná. Curitiba: Secretaria de Estado da Cultura, 2006. 440 p.
FUNDAÇÂO CULTURAL DE CURITIBA. Solar do Barão. Disponível em: <http://www.fundacaoculturaldecuritiba.com.br/espacos-culturais/solar-do-barao/>. Acesso em: 15 jun. 2016.
TUPAN, Fernandes. Uma princesa nos trilhos da nossa história. Blog do Tupan, portal Bem Paraná, Curitiba, 31 jul 2015. Disponível em: <http://www.bemparana.com.br/tupan/uma-princesa-nos-trilhos-da-nossa-historia/>. Acesso em: 15 jun. 2016.
DO CORRESPONDENTE. Viagem de suas altezas. Gazeta de Notícias, Rio de Janeiro, 13 dez.1884, ed. 348, p. 2.
SILVA, Ernani da. A grande jornada de Gumercindo Saraiva, o Napoleão do Pampas, na Revolução Federalista de 1893. Revista Semina, Passo Fundo, v. 12, n. 1, 2013.