Localizada na Rua Brigadeiro Franco, a antiga casa de David Carneiro (ou o que restou dela) hoje é apenas uma fachada, parte de um hotel.
A casa foi construída no final dos anos 1940. Inspirada na residência de Eça de Queiroz, escritor português. No local ficava as instalações do antigo engenho de erva-mate da família, a Ervateira Americana.
David Carneiro (1904-1990) foi engenheiro, poeta, escritor de aproximadamente 70 livros, historiador e colecionador. Ele dedicou a vida ao estudo da história do Paraná e do Brasil.
O Museu Coronel David Carneiro
Junto a sua casa tinha o Museu Coronel David Carneiro (o nome em homenagem ao seu pai) com a sua coleção de objetos e documentos relacionados a história do estado.
O museu, cuja coleção havia iniciado em 1928, foi inaugurado em 1952. O prédio tinha mais de três mil metros quadrados e abrigava mais de 5.000 peças. A entrada era pela Rua Comendador Araújo. No prédio do museu haviam salas de exposição e uma Capela da Religião da Humanidade. No auditório eram realizadas conferências positivistas, corrente de pensamento a qual era ligado.
Depois do falecimento de David Carneiro a casa e o museu foram entregues ao Banco do Brasil como pagamento de uma dívida. Em 1998 foi adquirido por investidores. Em um acordo com a prefeitura foi exigida a manutenção parcial da residência e transformação do local em Espaço Cultural David Carneiro. Em troca a prefeitura concedeu o local em comodato por 99 anos.
O conteúdo do museu foi objeto de disputas entre familiares e o IPHAN - Instituto Histórico e Artístico Nacional, A solução surgiu com o estado do Paraná adquirindo o acervo em 2004 (durante o governo de Roberto Requião). A maior parte do acervo foi incorporada ao Museu Paranaense. Outra parte está no Museu Histórico da Lapa.
O material reunido por David Carneiro é tão significativo para a história do estado que a coleção é tombada pelo Patrimônio Cultural do Paraná.
O Centro Cultural David Carneiro
O tal Centro Cultural David Carneiro que funciona no local – dizem – abriga alguns móveis e objetos que eram de uso pessoal do antigo proprietário.
Volta e meia passo por ali (quase sempre nos finais de semana), mas nunca o vi aberto e nunca ouvi falar de qualquer atividade promovida pelo tal centro cultural. Deve ser falta de sorte e desinformação de minha parte.
Referências:
ABDALLA, Sharon. Um resquício da arquitetura neocolonial em Curitiba. Gazeta do Povo. Curitiba, 11 abr. 2015. Disponível em: <http://www.gazetadopovo.com.br/imoveis/um-resquicio-da-arquitetura-neocolonial-emcuritiba-o-passado-que-resiste-a-modernidade-7rh5g09poo6for2iekcsdtr6b>. Acesso em: 23 set. 2016.
ARTES na web. CARNEIRO, David Antonio da Silva (David Carneiro). Disponível em: <http://www.artesnaweb.com.br/index.php?pagina=home&abrir=arte&acervo=685>. Acesso em: 23 set. 2016.
ESTADO adquire acervo histórico do Museu Coronel David Carneiro. Tribuna. Curitiba, 27 nov. 2004. Disponível em: <http://www.tribunapr.com.br/noticias/estado-adquire-acervo-historico-do-museu-coronel-david-carneiro/>. Acesso em 23 set. 2016.
LYRA, Cyro Illídio Corrêa de Oliveira et al. Espirais do tempo: bens tombados do Paraná. Curitiba: Secretaria de Estado da Cultura, 2006. 440 p.