AS RUÍNAS DE SÃO FRANCISCO
Não há como saber do lampadário
suspenso pela abóboda alta e ignota.
Quando eu sonho entretanto com sacrário,
uma luz clara da agra abside brota,
arde e assusta. Ou da nave à sacristia,
não ferissem as garras dessa grade
a guardar as ruínas da arcaria,
nem mesmo o suave enlevo que te evade.
Senão seria um muro de tijolos
que tombara ao primeiro pé de vento,
servindo a bêbados, mendigos, tolos...
ou tão só um admirável monumento
intérmino – e não mística jazida
das cinzas. Tenho que mudar de vida.
Wagner Schadeck
Os padres franciscanos chegaram na cidade em 1746 e foi designada a eles a atual Igreja da Ordem Terceira de São Francisco das Chagas (que até então chamava-se Igreja da Nossa Senhora do Terço). Ainda naquele século XVIII os franciscanos iniciaram a construção do seu convento no local em que hoje é a Praça João Cândido.
A construção nunca foi concluída e restaram as ruínas. São resquícios do que seria a Igreja São Francisco de Paula. Nos fundos das ruínas, onde hoje está localizado o Belvedere, existia uma capela, que foi demolida no início do século XIX.
Em 1860 decidiram anexar duas torres na antiga Catedral (que não é o prédio atual) e para isso usaram pedras que estavam acumuladas para finalizar a construção – que estava parada – dos Franciscanos.
A obra não foi adiante e passou a ser ruína antes de ser concluída.
O conjunto da Praça João Cândido, que compreende as ruínas e o belvedere, é tombado pelo Patrimônio Cultural do Paraná e é uma Unidade de Interesse de Preservação.
Relendo o livro “Grupos Escolares de Curitiba na primeira metade do século XX” deparei-me com uma informação relacionada as ruínas que antes não tinha notado e que é bem interessante.
… Em Curitiba, o primeiro registro de um espaço escolar é de 1836, quando após insistentes solicitações ao governo provincial, o professor João Baptista Brandão conseguiu “uma boa, decente e grande sala que serve de consistório da começada igreja de São Francisco de Paula, igreja que se acha em completo abandono”. A primeira escola de Curitiba localizou-se, portanto, em uma ruína.”
texto complementado em 2 dez. 2021
Publicação relacionada:
Referência:
LYRA, Cyro Illídio Corrêa de Oliveira et al. Espirais do tempo: bens tombados do Paraná. Curitiba: Secretaria de Estado da Cultura, 2006. 440 p.
CASTRO, Elisabeth Amorim de. Grupos Escolares de Curitiba na primeira metade do século XX. 1. ed. Curitiba: Edição do autor, 2008. 160 p.