Este prédio de estilo eclético, localizado na Rua Barão do Rio Branco, é um excelente exemplo de bons cuidados com o patrimônio histórico e cultural da cidade.
Lá pelo ano 1900 um senhor chamado João Leandro instalou no local um hotel, que chamou de Hotel Paris. A então Rua da Liberdade, desde a inauguração da estrada de ferro, era a porta de entrada da cidade, ligando a estação ao centro e no caminho passando pelos principais prédios públicos da administração da cidade e do estado. A rua, pela localização estratégica, já contava com outros hotéis.
O problema do Hotel Paris é que ele não era, como podemos dizer, um hotel familiar. Com o tempo adquiriu uma péssima reputação e os viajantes deixaram de frequentar o local, apesar de sua excelente localização.
Mais tarde mudou de nome, passando a ser o Hotel Stumbo. Mas a questão não foi resolvida. Parece que o problema não era com o nome do hotel, mas com a freguesia.
A família Johnscher assume o hotel
A viúva Vitória Johnscher, que com o seu falecido marido Francisco havia sido proprietária de uma hospedaria em Paranaguá, decidiu mudar-se para Curitiba e alugar o prédio da família Parolin, proprietária do imóvel, e em 1917 o Hotel Johnscher foi inaugurado.
Rapidamente, bem administrado, o hotel mudou completamente. Virou um ponto elegante, chique e famoso da cidade.
O hotel era muito moderno, com água encanada, fria e quente. Tinha também lavanderia própria a vapor, câmara frigorífica e foi um dos primeiros hotéis do sul a ter uma rede interna de telefones. Foi também um dos primeiros estabelecimentos de Curitiba com um elevador. Muitos iam lá só para conhecer o tal elevador.
O restaurante era muito bom e tornou-se um dos pontos chiques da cidade, onde as famílias iam para jantar ao som de uma pequena orquestra ao vivo. Virou especialmente famoso os jantares de Natal. Nessa época do ano havia também uma atração extra, uma árvore de natal bem grande montada em frente do hotel.
Gradativamente, Francisco Lourenço Johnscher, o filho mais velho da Dona Vitória, foi assumindo a administração do negócio. Em 1923 a família adquiriu um outro hotel, o
Grande Hotel Moderno, na Rua XV de Novembro. Francisco passou a cuidar mais do novo hotel e o Johnscher passou a ser administrado pelo seu cunhado, Leopoldo Niemeyer.
O Hotel Johnscher e o Grande Hotel Moderno tornaram-se os dois hotéis mais importantes, chiques e charmosos na primeira metade do século vinte.
Francisco Lourenço Johnscher foi um importante empresário do ramo da hotelaria em Curitiba. Em alguma postagem no futuro falarei mais sobre ele e sobre o Grande Hotel Moderno.
O desgaste com o tempo e o renascimento
Como muitos outros negócios, o hotel com o tempo foi perdendo a sua importância. Foi administrado pela família até 1975, quando fechou as portas.
Em 1995 o imóvel - uma Unidade de Interesse de Preservação - foi transferido para a prefeitura em troca de potencial construtivo.
Em 2002 a prefeitura, através de licitação, concedeu a concessão de uso a rede de hotéis San Juan, com direito a explorar o imóvel por 35 anos.
O hotel foi restaurado pela Planotel Arquitetura e Consultoria Turística e Hoteleira, com projeto do arquiteto Humberto Fogassa.
Bem restaurado, o hotel ficou muito bonito. O cuidado não foi apenas com a arquitetura, mas também com o mobiliário, que é uma reprodução em imbuia de móveis da época, sendo alguns originais.
Além dos hóspedes normais e dos frequentadores do restaurante aberto ao público, atualmente o hotel também é muito procurado por casais em noite de núpcias ou lua de mel, em função do ambiente charmoso e romântico.
Referências: