terça-feira, 3 de maio de 2016

Joalheria Heisler

Joalheria Heisler

A antiga Joalheria Heisler foi construída no início dos anos 1920. Não há registros precisos de quando o sobrado foi construído, mas tem na prefeitura um pedido de vistoria feito em 1925 por Alfredo Heisler.
Em 1981 foi construído um prédio novo no local, com 19 andares e uma galeria comercial, com diversas lojas. Uma das condições para a construção do prédio foi a restauração e manutenção da fachada do sobrado antigo, que é uma Unidade de Interesse de Preservação. Andando distraidamente pela rua e considerando que a Riachuelo é bem estreita, quase que não dá para perceber o prédio, que fica um pouco recuado.
O alemão Alfredo Heisler migrou para o Brasil no final do século XIX. Residiu em outros locais do Paraná antes de vir para Curitiba. Em 1929 fez uma sociedade com o genro Fritz Lachmann, que era proprietário da empresa Lachmann & Cia Ltda., fundada em 1916 e assim surgiu a joalheria. A loja ficava no térreo e a família residia no andar superior.
Em 1942 o senhor Alfredo faleceu e a empresa foi herdada por seu filho Eurico, que mais tarde fundou com os filhos a Heisler & Cia.
Com o falecimento do senhor Eurico a joalheria trocou novamente de razão social, passando a denominar-se Arno Heisler & Cia Ltda. Arno era um dos herdeiros do Sr. Eurico. Nos anos 1960 o Sr. Arno adquiriu uma joalheria que ficava na Travessa Alfredo Bufren e que levaria o nome de Joalheria Haupt. Em 1982 a joalheria localizada nesse prédio na Riachuelo foi fechada e família permaneceu apenas com a outra loja. Em 1995 o Sr. Arno Heisler comprou a parte dos irmãos na sociedade, transferiu a Joalheria Haupt para o endereço na Riachuelo e retomou o antigo nome, Joalheria Heisler.

A Joalheria Heisler é de um tempo em que as jóias eram feitas artesanalmente no local e os relógios eram reparados.
Quando pequeno, depois do Natal íamos para Camboriú, onde meus pais tinham junto com uns tios uma grande casa de madeira de dois andares. Só voltávamos para casa no final de fevereiro, para o início das aulas (normalmente em primeiro de março). Aqueles tios queridos (Albino e Mariazinha Jorge) tinham uma joalheria em Itajaí. Quando chovia, as vezes o meu tio me levava com ele para passar o dia na joalheria. Era muito interessante ver fundir o metal, moldar, incrustar as pedras, ou seja, ver todo o processo do surgimento de uma joia, desde o metal bruto até a peça final. Tinha também os senhores que consertavam os relógios. Ver aquelas máquinas abertas, cheias de pequenas peças, era puro encantamento para uma criança. O dia passava rapidamente.

Referências:

RIZZI, Suzelle. Cândido de Abreu e a Arquitetura de Curitiba entre 1897 e 1916. 2003. 186 p. Dissertação (Mestrado em Teoria, História e Crítica da Arquitetura). Pontifícia Universidade Católica do Paraná, Curitiba.
CENTRO HISTÓRICO DE CURITIBA. O prédio da Galeria Heisler. Disponível em: <http://www.centrohistoricodecuritiba.com.br/o-predio-da-galeria-heisler/>. Acesso em: 2 mai 2016.
IUBEL, Aline Fonseca; CORDOVA, Dayana Zdebsky; STOIEV, Fabiano. As muitas vistas de uma rua: histórias e políticas de uma paisagem - Curitiba e a Rua Riachuelo. Curitiba: Máquina de Escrever, 2014. 160 p.