Essa casa, localizada na Rua Benjamin Constant, esquina com a Rua General Carneiro, foi construída em 1927 pelo imigrante alemão e comerciante de tecidos, Johannes Garbers (1886-1942), para residência de sua família. O nome de sua esposa era Annaliese.
Com quatro andares, a casa que é bem grande, lembra um castelo europeu. O andar térreo é de pedras, com janelas em forma de arcos.
Encontrei duas histórias interessantes sobre o Sr. Johannes. Uma delas em uma reportagem da “Gazeta do Povo” que trata da perseguição sofrida pelo imigrantes durante a ditadura de Getúlio Vargas que diz o seguinte:
“As medidas de nacionalização compulsória foram intensificadas com a declaração de guerra do Brasil à Alemanha, em agosto de 1942. Nessa época, tornaram-se comuns as prisões de pessoas de origem alemã, italiana ou japonesa, geralmente por motivos fúteis, não raro motivadas por vinganças pessoais. É o caso do pai de Hans Klaus Garbers, Johannes Garbers, que foi levado de casa não se sabe o porquê. Logo depois que ficou detido, Johannes morreu de complicações no coração, segundo o filho, provavelmente em decorrência das restrições da época. “Eles invadiram a casa onde eu nasci e levaram livros, fotografias e meu pai”, conta Hans, que na época tinha 18 anos. Johannes era conhecido como João Garbers – adotou o nome brasileiro porque adorava morar no Brasil. Ele foi presidente do atual Clube Concórdia e tinha uma distribuidora de tecidos no interior do Paraná.”
Outra passagem é um artigo de Aramis Millarch originalmente publicado no jornal “Estado do Paraná” que diz o seguinte:
“Durante quase 50 anos, o velho João Garbers (1886-1942) não permitiu que uma única árvore dos 700 alqueires que adquiriu em 1907 na Serra do Mar fosse derrubada. Ecologista antes que esta palavra sequer fosse inventada, o velho Garbers, imigrante alemão que chegou ao Brasil ainda no século passado, transmitiu aos seus filhos - Hans e Diether - o amor pela natureza. Enquanto vizinhos de suas terras aproveitaram a época em que o desmatamento era livre e venderam a madeira de lei que florescia na Serra do Mar, as terras da família Garbers preservaram a mata nativa. … O tempo passou, a Serra do Mar sofreu desmatamentos criminosos - com sérias consequências no meio ambiente - mas os 700 alqueires da família mantiveram-se intocáveis. Assim, quando em 1978 o então governador Jayme Canet Jr. criou o tão reclamado Parque Estadual do Marumbi, a propriedade da família Garbers foi totalmente incluída na reserva.”
Referências:
FERNANDES, José Carlos. De onde Curitiba se via. Gazeta do Povo. Curitiba, 13 mar. 2010. Disponível em: <http://www.gazetadopovo.com.br/vida-e-cidadania/de-onde-curitiba-se-via-e4rsj3251e7fee5szdueji4pa>. Acesso em 22 out. 2016.
CRUZ, Eloá. Conheça casas diferentes que são destaque na paisagem de Curitiba. Gazeta do Povo. Curitiba, 22 dez. 2015. Disponível em: <http://www.gazetadopovo.com.br/haus/estilo-cultura/conheca-casas-diferentes-que-sao-destaque-na-paisagem-de-curitiba-2/>. Acesso em: 22 out. 2016.
MILLARCH, Aramis. O Marumbi preservada pela família Garbers. Estado do Paraná. Curitiba, 7 out. 1983. Tablóide, p. 1. Disponível em: <http://www.millarch.org/artigo/o-marumbi-preservada-pela-fam%C3%ADlia-garbers>. Acesso em: 22 out. 2016.
MILAN, Pollianna. Um processo cultural forçado. Gazeta do Povo. Curitiba, 26 set. 2008. Acesso em: 22 put. 2016