Esta herma em homenagem a André de Barros está localizada nos jardins na entrada da Santa Casa, em frente a Praça Rui Barbosa.
O autor da escultura em bronze foi João Turin (1878-1949).
O conjunto da obra de João Turin é Patrimônio Cultural do Paraná.
Na placa afixada na hermeta está escrito:
“HOMENAGEM
AO
GRANDE BEMFEITOR
ANDRÉ DE BARROS
MCMXXIII”
Benfeitor está escrito com “m” mesmo. Será que escreviam assim em 1923?
André de Barros
No site do IPPUC encontrei o seguinte texto sobre o homenageado:
“Filho de Goiás, André de Barros chegou ao Paraná como militar, ainda bem jovem. Trazia consigo uma inteligência e grande vontade de vencer. Prático de Farmácia que era, chegando a Curitiba, depois de dar baixa, empregou-se na Farmácia Correia, da qual se tornou sócio. Desligando-se da firma, abriu outro estabelecimento por sua conta.
Não se tendo casado e levando a vida muito metódica, dentro em pouco havia acumulado pequena fortuna, que aos poucos administrada por sua hábil mão aumentou consideravelmente. Na falta de médico ele aconselhava os clientes, indicando-lhes os medicamentos necessários. Não tendo herdeiro direto legaram todos os seus bens a Santa Casa de Misericórdia de Curitiba, e uma quantia em dinheiro para cada um de seus afilhados. Faleceu em Curitiba.”
Fiquei curioso e resolvi pesquisar um pouco mais. Não encontrei muita coisa, mas descobri que nasceu em 1855 na Vila da Conceição do Norte, na então Província de Goiás. Hoje a cidade é chamada de Conceição do Tocantins, no Estado do Tocantins.
Filho de Miguel Pinto de Barros e Gabriela Ferreira dos Santos, o seu nome completo era André Pinto de Barros. Depois de ser alfabetizado em sua terra natal, entrou para o exército, servindo como enfermeiro na infantaria. Depois da Guerra do Paraguai a sua unidade foi transferida para Curitiba, chegando assim a cidade. Continuou trabalhando como enfermeiro na Enfermaria da Circunscrição Militar, que mais tarde daria origem ao Hospital Militar. Antes da proclamação da República deu baixa.
Depois as coisas parecem ter ocorrido mais ou menos como na biografia resumida transcrita acima.
Cabe, entretanto, acrescentar algumas informações importantes sobre esse ilustre personagem da cidade.
Foi uma pessoa séria, com olhar triste e que sorria muito raramente. Tinha uma aparência meio índia e meio cabocla, cabelo curto com calva frontal. Bondoso, quando faleceu, em 1923, sua morte foi chorada por muitos que haviam recebido seu amparo em momentos de doença.
Foi provedor da Santa Casa de Curitiba de 1920 a 1922. Saindo do cargo ao sentir-se doente.
Após a sua morte, aberto o testamento, além de deixar quantias razoáveis para afiliados, a sua casa na Praça Osório deixou à sua empregada doméstica.
Daqui em diante transcrevo um artigo do professor da PUC e acadêmico da APL, Valério Hoerner Junior, que, aliás, serviu de base de boa parte do que está escrito aqui:
“Muitas instituições de caridade e religiosas beneficiaram-se de sua lembrança: a Santa Casa de Misericórdia de Goiás, sua terra natal, a Santa Casa de Paranaguá, o Asilo São Vicente e Paula da cidade da Lapa, a Sociedade de Socorro aos Necessitados, o Orfanato de São Luiz, Maternidade e Orfanato do Cajuru, o Albergue Noturno e a Cruz Vermelha do Paraná. Para a igreja do Senhor do Bom Jesus de Iguape deixou cinqüenta libras esterlinas em ouro, como pagamento de uma promessa.
O remanescente de seus bens, prédios, terrenos e títulos da dívida pública da União, foi legado à Santa Casa de Misericórdia de Curitiba, o que na época representou fabuloso presente. Alguns registros dão esse valor como superior a 1.300:000$000 (mil e trezentos contos de réis), quantia esta capaz de solucionar todos os problemas que permanentemente afligiam os provedores da Santa Casa.”
Por ignorância de minha parte, desconhecia a história desse personagem da cidade, que era apenas um nome de rua para mim. Sem dúvida, passar pela Rua André de Barros será diferente daqui em diante, pois lembrar-me-ei da história desse ilustre benfeitor da cidade.
Publicação relacionada: Santa Casa
Referências:
HOERNER JÚNIOR, Valério. André De Barros, Benemérito da Santa Casa. Tribuna do Paraná. Curitiba, 9 jul. 2002. Disponível em: <http://www.tribunapr.com.br/mais-pop/andre-de-barros-benemerito-da-santa-casa/>. Acesso em: 17 nov. 2016.
IBGE. Conceição do Tocantins: histórico. Disponível em: <http://cidades.ibge.gov.br/painel/historico.php?codmun=170560>. Acesso em: 17 nov. 2016.