Esta casa do Colégio Martinus é uma verdadeira joia. Muito bem conservada, fica na Rua Presidente Carlos Cavalcanti, esquina com a Rua Almirante Barroso. É uma Unidade de Interesse de Preservação.
Colégio Martinus
O próprio colégio define-se, em seu site, como uma gemeinde schule – escola de comunidade – desde a sua origem. É ligado à cultura alemã e a Igreja Evangélica de Confissão Luterana.
No final de 1866 a comunidade evangélica fincou raízes do bairro São Francisco, iniciando as atividades educacionais no sótão da casa pastoral (que não é a casa das fotos).
A casa pastoral era também o local dos cultos, uma vez que a comunidade ainda não contava com um templo.
Esta primeira escola foi fechada pelo estado. Um dos motivos alegados foi a promiscuidade no ensino, uma vez que as classes eram mistas. Mesmo sem autorização do Inspetor Geral do Ensino a escola continuou funcionando.
Em 1890 a comunidade conseguiu da câmara municipal um terreno para construir uma escola e recebeu em doação o terreno onde hoje é a Praça Dezenove de Dezembro. Em fevereiro de 1891 iniciaram a construção da escola, que ficou pronta em julho de 1892.
A “Deutsche Schule” foi a primeira escola de lingua estrangeira a receber autorização formal para funcionar no Paraná. As aulas eram ministradas em alemão e recebia também alunos que não eram evangélicos.
Mesmo durante a I Guerra Mundial a escola continuou funcionando, Mudou de nome em 1917, passando a ser Colégio Progresso (mas todo mundo continuava a chamá-la de “Deutsche Schule” ou "Escola Alemã".
Em novembro de 1917, o estado do Paraná criou um novo Código de Ensino e a escola ficou sem funcionar durante o ano de 1918. Antes de fechar o prédio havia sido depredado por populares (parece que as guerras e revoluções têm o dom de revelar esse tipo de gente).
Já adaptada as novas regras do estado e com os reparos custeados pela comunidade luterana, voltou a funcionar em 1919.
A escola continuou crescendo até as vésperas da Segunda Guerra Mundial, quando a política educacional do Estado Novo possibilitou uma forte perseguição ao colégio. Paralisou as atividades em 1938. O terreno da escola foi tomado pelo governo e entregue a Faculdade de Medicina da Universidade do Paraná (mais tarde Universidade Federal do Paraná - UFPR).
Como os luteranos sempre deram muita importância a educação, em 1940 o pastor Heiz Soboll abriu um jardim de infância junto à igreja.
Em fevereiro de 1948 (com a guerra terminada) a escola iniciou as suas atividades com o nome de Escola Evangélica de Curitiba, inicialmente com o curso primário.
Em 1952 troca o nome para Colégio Martinus, em homenagem a Martin Lutero. Em 1953 passa a ter também o curso ginasial. Mas tarde a escola oferece também o colegial e um curso Normal, para a formação de professores.
E a história da casa?
Vou ficar devendo, pois não encontrei. Ela, com certeza, é mais antiga que o atual Colégio Martinus (fundado em 1948) e não sei dizer se foi construída pela própria comunidade luterana ou se a adquiriram mais tarde.
Quem sabe algum dia encontre alguém que sabe da história dela.
Referências:
OLIVEIRA, Fabiana Lopes de. Colégio Martinus: formação de professores na segunda metade do século XX. 2009. 170 f. Dissertação (Mestrado em Educação) - Programa de Pós-Graduação em Educação, Pontifícia Universidade Católica do Paraná, Curitiba.
COLÉGIO Martinus [site]. Disponível em: <http://www.martinus.com.br]. Acesso em: 30 jun. 2017