A primeira reunião da sociedade foi “… realizada no dia 3 de maio de 1888 na casa do sócio João Batista Gomes de Sá, apenas alguns dias antes de ser abolida a escravidão. …”. Mas a fundação com ata oficial é 6 de junho de 1888, poucos dias após a abolição da escravidão.
A comissão de sócios que elaborou o primeiro estatuto era formada por “João Batista Gomes de Sá, Manoel dos Santos, Miguel de Paula, Izidoro Mendes, Vicente Moreira e Norberto Garcia”.
Fundada por negros libertos, desde o início admitiu brancos como sócios. Leôncio Correia (1865-1950) e Ildenfonso Pereira Correia (1849-1894), o Barão do Serro Azul, foram sócios.
Como muitas outras sociedades da época – uma época em que não existia ainda a previdência social – o objetivo era o auxílio mútuo e atividades educativas, recreativas e beneficentes.
Procurando em jornais, a publicação mais antiga que encontrei foi no jornal “A Ideia” (“orgam do club dos estudantes”) de 01 de outubro de 1888, que escreveu uma nota sobre a “passeiata” realizada pela sociedade no dia 28 de setembro (comemoração da Lei do Ventre Livre) e que comentariam em outro número.
Na edição seguinte, de 16 de outubro de 1888 (jornalzinho era quinzenal) escreveram o seguinte:
“28 DE SETEMBRO
Esta gloriosa data da história americana não passou desapercebida este anno entre nós, graças unicamente ao povo. A Sociedade 13 de Maio, composta de libertos, que sentem seus corações repletos de gratidão para com os grandes patriotas que trabalharam gloriosamente para a consecução do brilhante triumpho popular, que permitte hoje á nossa Patria apresentar se altiva ante o mundo civilisado, soube celebrar com toda a força do seu patriotismo, o grande acontecimento, sem o qual não seria ainda possivel eliminar d’entre as nefandas instituições que nos envergonham, a mais nefanda de todas — a escravidão dos negros.
Para expandir livremente seus sentimentos, os libertos, tendo à frente uma banda de musica, percorreram, na noite de 28 passado, as ruas da cidade, saudando a imprensa e as diversas associações, e prestando digna homenagem á memoria do immortal Paranhos.
Passando pela rua do Aquidaban, parou o prestito e a frente ao edificio do Instituto Paranaense, dirigindo então em nome do povo, uma saudação á mocidade, o brilhante orador Sr. Leoncio Correia, instigando-a a continuar a obra gloriosa encetada por nossos predecessores, áfim de elevar a nossa Patria á altura da livre America.
Das janelas do estabelecimento, responderam em brilhantes palavras de saudação á raça redimida e de gratidão ao heroico Paranhos, que também não morreu para o coração dos moços, os Srs. Silveira Netto, pelo Club dos Estudantes, e Saldanha Sobrinho, pelo Club Dr. Pedrosa. A mocidade confraternisou-se sublimemente com os sentimentos populares: ella se sente sempre animada ao sopro salutar da liberdade.
E nós levantamos d’aqui um novo bravo á patriotica Sociedade 13 de Maio.”
Referências:
SANTIAGO, Fernanda Lucas. Sociedade 13 de Maio: uma estratégia de sobrevivência no pós abolição (1888-1896). 2015. 94 f. Monografia (bacharelando em História) - Curso de História, Setor de Ciências Humanas, Letras e Artes, Universidade Federal do Paraná, Curitiba.
SOCIEDADE 13 de maio. A Ideia, Curitiba, 1 de out. 1888. n. 1, p. 4.
28 DE STEMBRO. A Ideia, Curitiba, 16 de out. 1888. n. 2, p. 4.