Está em cartaz a exposição “Presença Negra em Curitiba” na Casa Romário Martins (Unidade de Interesse de Preservação e Patrimônio Cultural do Paraná), no Largo Coronel Enéas.
No texto de abertura está escrito:
“Curitiba é também africana
A desfeito da forte identidade européia associada a Curitiba, a importância da presença da população negra na formação e desenvolvimento da cidade é inquestionável para quem conhece ao menos um pouco da sua história.
Uma das mais antigas – e mais belas – representações de Curitiba, feita em 1827 pelo pintor francês Jean-Baptiste Debret, apresenta um homem negro trabalhando no Alto do São Francisco. Os negros participaram da formação e desenvolvimento da cidade de maneira expressiva, labutando arduamente, na condição de escravizados, mas também como libertos e livres. Foram carregadores, calceteiros, extratores e beneficiadores de erva mate; tiveram ofícios qualificados, como eram os de pedreiro e carpinteiro nos séculos XVIII e XIX. As mulheres negras também se dedicaram a várias tarefas, trabalhando nas casa e nas roças, laborando no comércio urbano.
Na cidade onde viviam, jovens negros, dede o século XIX, procuraram se instruir, frequentando escolas, para que a partir do letramento, pudessem ter uma inserção mais favorável na sociedade.
Constituíram associações, para, de forma organizada, fazer frente ao preconceito e buscar reverte a condição subalterna que foram colocados. Mesmo quando escravizados, usaram de todas as estratégias que tinham ao alcance – e as ampliaram – visando superar as adversidades.
Engendraram formas próprias de expressão de religiosidade. Não sem ter de vencer obstáculos que lhes eram impostos pela discriminação, inseriram-se nos esportes. Produziram arte de qualidade admirável. Tornaram-se profissionais de destaque me vários campos de atuação – na advocacia, na engenharia, da decência.
Essa exposição, mostrando de forma contundente essa Curitiba cuja identidade está ancorada também na África, contribui para que uma identidade mais justa e mais democrática se associe à nossa cidade. Uma cidade que orgulhosamente se reconhece negra!
Joseli Mendonça
Departamento de História – UFPR”
Curitiba 1827 - Jean-Baptiste Debret |
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Casa Romário Martins
Largo Coronel Enéas