Unidade de Interesse de Preservação na Rua Lourenço Pinto.
Não consegui, ainda, descobri para quem foi construída e quando. Mas a casa e bem bonita.
Sim, na foto tem um monte de fios atrapalhando a visualização. Mas fazer o que? A cidade está assim.
Bem que algum camarista poderia apresentar algum projeto útil, exigindo que a concessionária responsável pela distribuição de eletricidade na cidade – e todos os outros serviços que usam cabos aéreos – fossem obrigados a enterrar a fiação. Para começar, pode exigir que toda nova linha seja já subterrânea e, quanto as linhas antigas, determinar uma cota a ser cumprida todo ano.
Em julho de 2023 uma pessoa entrou em contato perguntando se tinha alguma informação sobre a casa. Não tinha. Mas isso reavivou a curiosidade sobre ela.
Em 1929 saiu um anúncio em jornal, colocando a casa a venda. O anúncio dizia o seguinte:
“PRÉDIO ASSOBRADADOVende-se o da rua Lourenço Pinto,nº. 222 antigo 18 próximo do Centroe da Estação. Tambem vende-se osmoveis.Ver e tratar no mesmo, da 12 as5 horas da tarde.”¹
Em 1931 o proprietário da casa era o general Augusto Vieira da Costa, conforme uma notícia em jornal:
“UMA RESIDENCIAVisitada pelos “amigosdo alheio”Hontem ás 2.30 horas foi com-municado ás autoridades, pelo tele-phone, que a residencia particulardo sr. general Vieira da Costa, sitaá rua Lourenço Pinto n.º 222, foivisitada pelo “amigos do alheio”os quaes conseguiram roubar dalidiversos objectos e a importanciade 600$000 em dinheiro.Para descobrir os larapios foidesignado o investigador n.º 16.”²
Em 1962 a casa era uma pensão. Não sei desde quando e nem até quando.³
Pelo anúncio de 1929 ficamos sabendo que o número antigo da casa era dezoito. Encontrei anúncio em agosto de 1926¹⁷ do Dr. Guerios (Francisco José Guerios?) que tinha consultório na Rua Garibaldi, 100 e residência na Lourenço Pinto, 18. Os anúncios continuam até 1927 (mais de duzentos) informando esse endereço residêncial. Os anúncios em uma altura de 1927 deixam de ter o endereço residencial e continuam por vários anos. Como não sei em que ano a numeração da rua foi alterada, não dá para afirmar que o proprietário anterior foi o Dr. Guerios e também fica em aberto a questão de quando a casa foi construída e por quem.
Quanto ao general Augusto Vieira da Costa descobri algumas coisas.
Ele nasceu em um 28 de junho⁴. Quanto ao ano, calculei que foi 1874, baseado em uma lista de alistamento militar publicada em 1898 que dizia ter ele 24 anos⁵.
Era filho de Carlos Viera da Costa⁵, também militar.
Casou em 6 de abril de 1899, com Julieta Motta, filha do desembargador Motta⁶. O casal teve quatro filhos, Zélia Etelvina, Maria Elisa e Cristovão⁷. O filho Cristovão Vieira da Costa, também militar, foi nomeado interventor em Paranaguá, pelo também interventor Manoel Ribas⁸. Exerceu o cargo de 18 nov. 1930 a 6 jul. de 1931⁹.
O general Augusto Vieira da Costa entrou para o exército em 1889. Foi promovido a 1º cadete em 1890, alferes em 1894, 1º tenente em 1909, capitão em 1917, major em 1921. Em 1924 operou no sul de São Paulo durante a Revolta de 1924. Em 1925, já como tenente-coronel, atuou contra um grupo de bandoleiros que atuava no interior do estado. Promovido a coronel em 1928. Reformado em 10 de janeiro de 1929.¹⁰ Foi comandante do 5º R.C.D. de 27 de janeiro de 1928 a 9 de novembro de 1928.¹⁴
Já reformado, em 1º de fevereiro de 1930 foi nomeado pelo prefeito Eurides Cunha para o cargo em comissão de “Director Geral” da Prefeitura de Curitiba¹¹. Em 6 de outubro de 1930, por ocasião da posse do prefeito nomeado, Coronel Joaquim Pereira de Macedo, pediu demissão, que não foi aceita¹². Em 2 de março de 1931 foi exonerado, a pedido.¹³
O general faleceu em 10 de outubro de 1948.¹⁵
A sua esposa, dna. Julieta Mota Vieira da Costa faleceu em 5 de outubro de 1956.¹⁶
O féretro de ambos saiu da Rua Lourenço Pinto, 222.
texto complementado em 6 ago. 2023
¹ PREDIO ASSOBRADADO [anúncio]. O Dia, Curitiba, 5 abr. 1929. n. 1901, ed. da manhã, p. 5.
² FACTOS DIVERSOS. Uma residencia visitada pelos “amigos do alheio”. O Dia, Curitiba, 12 set. 1931 n. 2339, ed. da manhã, p. 8.
³ DOIS Ladrões (Um Adulto e Outro Menor) Foram Apanhados. Diário da Tarde, Curitiba, 11 out. 1962. ano 64, n. 20745, p. 4.
⁴ SECÇÃO ALHEIA. Saudação. Diário da Tarde, Curitiba, 29 jun. 1903, ano V, n. 1314, p. 2.
⁵ ALISTAMENTO ELEITORAL 5ª Secção. A República, Curitiba, 28 set. 1898, ano XIII, n. 208, p. 2.
⁶ CASAMENTOS. Diário da Tarde, Curitiba, 07 abr. 1899, ano 1, n. 16, p. 2.
⁷ FALECIMENTO. Gal. Augusto Vieira da Costa. O Dia, Curitiba, 10 out. 1948, ano XXV, n. 7938, p. 5.
⁸ INSTITUTO MOISÉS SOARES [site]. Cristovão Vieira da Costa. Disponível em: <http://msinstituto.blogspot.com/2017/04/blog-post_15.html>. Acesso em: 4 ago. 2023.
⁹ FOLHA DO LITORAL [site]. Prefeitura de Paranaguá inaugura Galeria de Prefeitos. Prefeitos de Paranaguá [arquivo pdf anexo]. Disponível em: <https://folhadolitoral.com.br/editorias/cultura-e-entretenimento/prefeitura-de-paranagua-inaugura-galeria-de-prefeitos/>. Acesso em: 4 ago. 2023.
¹⁰ GENERAL Augusto Vieira da Costa. Tocantes homenagens lhe foram prestadas pelo 5º R.C.D. e pela sociedade castrense. O Dia, Curitiba, 25 jan. 1929, ed. da manhã, p. 2.
¹¹ CURITIBA. Acto nº 25, de 1º de fevereiro de 1930. Prefeitura Municipal de Curitiba. Decretos e Átos de 1930. Impressora Paranaense, Curitiba, 1939, p. 55.
¹² ÚLTIMA HORA. A posse do Prefeito da Capital. Diário da Tarde, Curitiba, 7 out. 1930, ano XXXII, n. 10856, p. 8.
¹³ CURITIBA. Acto nº 25, de 2 de março de 1930. Prefeitura Municipal de Curitiba. Decretos e Átos de 1931. Impressora Paranaense, Curitiba, 1939, p. 62.
¹⁴ O CINCOENTENARIO DO 5º R.C.D. Diário da Tarde, Curitiba, 04 fev. 1944, ano 45, n. 14927, p. 1.
¹⁵ FALECIMENTO. Gal. Augusto Vieira da Costa. O Dia, Curitiba, 10 out. 1949, ano XXV, n. 7938, p. 5.
¹⁶ FALECIMENTO. Julieta Mota Vieira da Costa. Diário do Paraná, Curitiba, 6 out. 1956. ano II, n. 460, 2º Caderno, p.1.
¹⁷ MÉDICOS. DR. GUERIOS [anúncio]. O Dia, Curitiba, 6 ago. 1926, n. 999, edição da manhã, p. 7.