segunda-feira, 8 de julho de 2024

Praça Hatsume Nakahata

Praça Hatsume Nakahata
Praça Hatsume Nakahata
Praça Hatsume Nakahata
Praça Hatsume Nakahata
Praça Hatsume Nakahata
Praça Hatsume Nakahata - detalhe placa
Praça Hatsume Nakahata - detalhe placa 2
Praça Hatsume Nakahata . detalhe placa 3

Praça Hatsume Nakahata, localizada em um ponta de quadra, delimitada pela Avenida Nossa Senhora da Luz e pela Rua Coronel Romão Rodrigues de Oliveira Branco.

Em um marco de pedra estão duas placa, uma diz o seguinte:

ROSA HATSUME NAKAHATA

“AS PRIMAVERAS DE SUCEDEM, MAS O TEMPO
NÃO MUDA O QUE SE ESCREVE NOS CORAÇÕES.
VIVER PELO PRÓXIMO, SEMEAR IDEAIS E CULTIVAR
AMIZADES FOI A SUA VIDA.
VIDA ESSA QUE SEMRE FRUTIFICARÁ SENTIMENTOS
DE CARINHO, RESPEITO E ADMIRAÇÃO.”

UMA HOMENAGEM DOS SEUS AFIHADOS DA
UNIÃO DOS GAKUSSEIS DE CURTIBA.

CURITIBA, 23 DE OUTUBRO DE 2004

Na outra placa esta escrito:

EM HOMENAGEM À SRA.
ROSA HATSUME NAKAHATA,
POR TODA SUA DEDICAÇÃO E CARINHO OFERECIDO DURANTE SEUS
ANOS COMO MADRINHA DA UGC - UNIÃO DOS GAKUSSEIS DE CURITIBA -
ENTIDADE FUNDADA EM 1949, COMO A MISSÃO DE INTEGRAR A
COMUNIDADE NIKKEI (NIPO-BRASILEIRA) NA SOCIEDADE BRASILEIRA
ATRAVÉS DOS TRABALHOS SOCIAIS DOS ESTUDANTE UNIVERSITÁRIOS
DESCENDENTES DE JAPONESES EM CURITIBA.

28.12.1922 (KUMAMOTO, JAPÃO)    -     09.04. 2002 (CURITIBA, BRASIL)

Em um segundo marco, uma outra placa diz:

CURITIBA

Praça Hatsume Nakahata

Esta revitalização é uma justa homenagem
da Cidade, no ano de comemoração dos
115 anos da Imigração Japonesa no Brasil,
a uma personalidade que dedicou boa parte
de sua vida aos seus afilhados da União
dos Gakusseis (estudantes) de Curitiba.
Foi o apoio para muitos jovens vindos do
interior. Com a sua doçura e as palavras sábias
de uma mãe, contribuiu para formação
de profissionais que atuam hoje
na nossa cidade.

Em 2004
Rafael Greca
Prefeito de Curitiba

A sugestão para o nome da praça foi proposição (nº 008.00002.2004) apresentada pelo vereador Rui Hara. A justificativa foi assim:

“Amor, carinho e dedicação. Com estas três palavras, podemos definir a madrinha da UGC.

Mas apesar de todos conhecerem esta mulher maravilhosa. Muitos não sabem direito seu verdadeiro nome, sua vida no Japão, o porque da vinda ao Brasil e como se tornou a "madrinha". Não poderíamos deixar de contar a vida de quem fez da UGC, sua família.

HATUME NAKAHATA

Hatume, que significa primeira mulher, nasceu no dia 28 de dezembro de 1922, em Kumamoto, ilha de Kiyushu - Japão. Os pais, Toquio e Massae, e a avó paterna Kazu, queriam que ela fosse um menino, para dar continuidade à família.
Quando tinha 1 ano e 15 dias, seu pai faleceu, sendo então criada pela avó paterna. A mãe teve que ser afastada, para que fosse educada sob os princípios da família paterna, pois era a única herdeira.
A educação de Hatume foi rígida, não tendo uma infância como a das outras crianças. Ela não sabia o que era brincar, correr ou gritar, pois era uma criança extremamente educada, mas também quieta e triste.

Quando tinha 4 anos conheceu sua mãe, mas não pode ficar com ela. Sua avó permitia vê-la apenas nas férias de agosto. Isto somente até os dez anos, quando a mãe resolveu se mudar para o Brasil, em 1932.
Hatume cuidou de sua avó até os 15 anos, quando esta ficou muito doente e mandou-a com um casal de médicos para o Manchuria, na China. A avó queria que ela visse o que era a vida e o sofrimento, para que se tornasse enfermeira da Cruz Vermelha. Ela ficou na China apenas 1 ano e meio, quando veio a notícia que a avó tinha falecido. Voltando para o Japão, Hatume achou que estava na hora de buscar a mãe no Brasil. Na época tinha 18 anos e resolveu largar a família, a herança e os amigos, para procurar a mãe numa terra estranha.
No dia 10 de junho de 1939, aportou no Brasil, no navio. Montevidéu-Maru. Sua mãe, que vivia em Antonina, onde era professora de corte e costura, já estava esperando no Porto de Santos, e inclusive já tinha escolhido um nome para ela: Rosa Hatsume Nakahata.
Mãe e filha foram morar em Antonina, com uma tia, onde Hatume aprendeu a bordar. Ela não falava nada em português e tinha vontade do voltar para o Japão, mas por causa da II Guerra Mundial, tiveram que ficar no Brasil.
Em 1942 elas se mudaram para Curitiba, para trabalhar como costureiras. Mas como não tinham tino para negócios, davam almoço, café e janta para as senhoras que levavam costuras, e muitas vezes chegavam a costurar de graça.

Assim, em 1944, Hatume resolveu tirar o diploma de bordado, para poder trabalhar fora e sustentar a casa. Ela fez um curso na casa Roskamp, onde tirou o 1° lugar e em seguida foi contratada para trabalhar. Apesar de falar muito pouco em português, a família Roskamp gostava dela e a tratava como um membro da família. Ela trabalhou nesta empresa até se aposentar em 1979, e ainda ajudou até 1983.
Na década de 40/50 era comum que as repúblicas tivessem uma madrinha. Hatume foi escolhida como madrinha da República Pentagono, onde moravam muitos ugecenses. Ela os acompanhou por um bom tempo, até que a república acabou. Anos mais tarde, alguns estudantes a procuraram na Casa Roskamp, para comunicá-la que tinha sido escolhida como madrinha da UGC (União dos Gakusseis de Curitiba).
Desde que foi escolhida para ser madrinha, Hatume sempre acompanhou a entidade dando todo o apoio e carinho. Com certeza ela é a pessoa que mais conhece ugecenses pois todos que passaram pela entidade, conhecem a sua dedicação.
Para sua mãe, que a acompanhava nos eventos, os gakusseis eram como netos que davam nova vida. Quando ela faleceu, em 16 de julho de 1987, muitos de seus "netos" estiveram presentes para se despedir.
Já a madrinha tem na UGC, uma família que lhe dá forças para viver. E pela dedicação por todos estes anos a nossa madrinha recebeu em 1994 o título de Cidadã Honorária da Cidade de Curitiba. No dia 09 de abril de 2002, após muita luta e dedicação a seus afilhados veio a falecer nossa querida madrinha.

É uma justa homenagem a uma personalidade que dedicou boa parte de sua vida aos estudantes, futuros profissionais, lembrando-os a importância de atuar com ética e, qualquer que sejam os seus caminhos, o servir a coletividade, os tornarão pessoas felizes e de sucesso.”

A proposição foi aprovada pela Câmara Municipal e transformada na Lei Ordinária 11.038/2004, assinada pelo prefeito Cassio Taniguchi.

Referência:
CÂMARA Municipal de Curitiba. Sistema de Proposições Legislativas. Projeto de Lei Ordinária: Denominação de bem público não especificada. Proposição 008.00002.2004. Disponível em: <https://www.cmc.pr.gov.br/wspl/sistema/ProposicaoDetalhesForm.do?select_action=&ordena=008.00002.2004&pro_id=50132&popup=s&chamado_por_link&pesquisa=%20Hatsume%20Nakahata>. Acesso em: 27 jun. 2024.